MCCANN SÓ GASTARAM 13% DO FUNDO MADELEINE PARA PROCURAR A FILHA

Fundo "Madeleine" recebeu quase 3 milhões de euros de doadores privados mas as contas não explicam para onde foi todo o dinheiro e nem falam nos pagamentos da casa ou dos telemóveis dos McCann.

(consulte aqui o resumo das contas do fundo Madeleine)

O fundo “Leaving No Stone Unturned Limited”, criado por Kate e Gerry McCann nove dias depois de Madeleine ter desaparecido do apartamento da Praia da Luz recebeu, até Março de 2008, quase três milhões de euros em donativos, mas só 13,30 por cento do dinheiro foi gasto nas investigações para, diz o casal, procurar a filha.
As contas de Maio 2007 a Março 2008 do fundo Madeleine só foram reveladas depois de na TVI, no programa “As Tardes da Júlia”, terem sido abordados alguns aspectos da utilização dada ao dinheiro pelos McCann.
De acordo com o documento oficial a que tivemos acesso, o fundo criado para financiar as buscas de Madeleine recebeu, até Março de 2008, um total de 2.819.403 euros, dos quais apenas 1.222.669 euros (43,37 %) foram gastos, na maioria em despesas correntes. O fundo apresentava então um saldo positivo de 1.596.733 euros (56,63 %).
Curiosamente, os McCann teriam gasto 122.856 euros (4,36 %) em cartazes e anúncios mas o documento não especifica exactamente onde estes suportes teriam sido distribuídos o que deixa alguns comentadores perplexos, uma vez que as várias campanhas de distribuição de cartazes e “outdoors” anunciadas pelos média britânicos para Portugal e Espanha nunca foram feitas e mesmo em Marrocos, o pais onde os investigadores contratados pelo casal pretendiam que se encontrava Maddie, os poucos cartazes distribuídos foram aqueles que Kate e Gerry levaram aquando da sua visita e que entregaram às crianças reunidas para a ocasião.
Outro dado curioso, nas contas do fundo Madeleine também não figuram os montantes que o casal utilizou para pagar as duas prestações do empréstimo contraído na compra da sua casa, pagos com o dinheiro dos donativos, como o tinha confirmado à imprensa Clarence Mitchell, antigo responsável da unidade de monitorização dos média do governo de Tony Blair e porta-voz dos McCann.
Contas feitas, o casal gastou 224.529 euros (7,96 %) em relações públicas e na monitorização dos média, despesas que não devem incluir – se tivermos em conta as declarações do próprio – os salários de Clarence Mitchell mas que revelam uma preocupação constante com o que se vai dizendo nos média, sem esquecer a Internet onde os advogados do casal têm ameaçado alguns daqueles que não acreditam na tese do rapto de Maddie.
Desde Maio de 2007, a internet tem sido aliás uma preocupação constante dos McCann, o que poderia eventualmente explicar o montante gasto com a criação e manutenção das páginas internet do fundo e da loja virtual, onde se podem comprar camisolas, pulseiras e outros objectos relacionados com a menina: de acordo com as despesas agora declaradas, o site custou 55.606 euros (1,97 %) em onze meses de actividade.

Fundo Madeleine não é instituição de caridade mas é rico, muito rico…

Enquanto o corpo de Madeleine não for encontrado, o fundo Madeleine “Leaving No Stone Unturned Limited” tem o seu futuro assegurado, uma vez que o seu objectivo legal é continuar a procurar Maddie, e uma saúde financeira que muitas empresas, sobretudo em tempo de crise, lhe invejam: após 11 meses de trabalho, o fundo apresenta um saldo positivo de 1.596.733 euros, ou seja 56,63 % das receitas.
Contrariamente ao que se pensou inicialmente, o fundo criado pelos McCann a 12 de Maio de 2007 – apenas 9 dias depois de Madeleine ter desaparecido – não é uma instituição de caridade o que, segundo um dos antigos porta-voz do casal, se explicaria pelo facto de o casal não desejar estar sujeito às severas condições de gestão impostas pela comissão que gere este tipo de instituições, a “The Charity Commission”, onde estariam obrigados a respeitar escrupulosamente os objectivos do fundo e a revelar exaustivamente as suas despesas e receitas. Sendo um fundo privado, o Find Madeleine é regulado pelo mesmo departamento que as pequenas e médias empresas (Department for Business, Enterprise and Regulatory Reform – BERR) e como tal, após o primeiro ano de actividade, apenas está obrigado a entregar um sumário da contabilidade.

Duarte Levy (Londres)

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